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A clínica,montada no iterior de um ônibus interestadual, conta com três profissionais fisioterapeutas, profissionais liberais, que atendem cerca de trinta e seis pacientes por dias em três bairros carentes do Município de São Paulo, com resultados bastante satisfatórios, tanto na área neurológica como ortopédica. O atendimento, a toda sorte de patologias, não se resume ao tratamento no próprio ônibus, mas, dado seu caráter itinerante, é igualmente prestado, quando exigido pelas condições físicas dos pacientes, em sua própria residência. Desse modo, se viabiliza o atendimento não apenas ao carente que já encontra dificuldades de locomoção, custos e disponibilidade de serviços de saúde próximo de sua casa, mas também ao seu dependente, que dispõe, menos ainda, de condições físicas e materiais de movimentação (por vezes não existente).

O trabalho não é gratuito, por algumas razões. Em primeiro lugar, trata-se de uma iniciativa privada, que exige custeio mínimo; em segundo, as próprias profissionais que se dedicam a esse labor, são pessoas de baixa renda, que necessitam do fruto de seu trabalho para atender às próprias necessidades, trabalhando em regime de locação de espaço no ônibus para a manutenção de seu local de trabalho, contribuindo com uma quantia de R$ 300,00 mensais, para garantir a manutenção dos aparelhos empregados na fisioterapia. Dos pacientes é cobrada uma taxa simbólica de R$ 10,00 que objetiva a manutenção do veículo (gasolina, motorista, pneus, mecânica, reparos etc.), mas que também tem por propósito evitar a noção de que o projeto está vinculado a qualquer órgão público ou atividade política.

Não obstante a dissociação do serviço de qualquer atividade política, o projeto tem sido agraciado por grande receptividade nas Comunidades onde tem operado (pacientes, igrejas, associações de bairro, estabelecimentos comerciais etc) e recebido manifestações de satisfação de todos os pacientes atendidos. Como decorrência, o projeto chamou a atenção dos meios comunicação e políticos.

No primeiro caso, foi ele até o momento objeto de entrevistas e reportagens jornalísticas (tanto em jornais de bairro e de distribuição gratuita em metrôs e em vias públicas, como de grande circulação), televisivas (inclusive pela Internet em meios especializados para deficientes físicos) e radiofônicas. Como resultado dessa divulgação, o projeto vem recebendo manifestações de apoio (inclusive com oferecimento de doação de aparelho de oximetria) de cidadãos e empresas de todo o País, demonstrando grande interesse sobre suas características e formulando inúmeras questões de natureza tanto profissional como pessoal.

No plano político, o projeto já é objeto de dois Projetos de Lei, um junto à Câmara Municipal de São Paulo, outro à Câmara Municipal de Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro. Em ambos os casos, propõe-se a disseminação dos serviços de fisioterapia itinerante, de forma gratuita para a população carente, patrocinada por apoio a ser grangeado pela Autoridade Municipal junto à iniciativa privada ou terceiros beneméritos.

O projeto foi implementado a um custo de aproximadamente R$ 150 mil, e vem sendo mantido, em sua essência, pela própria idealizadora, e com a cobrança da taxa simbólica paga pelos pacientes e do pequeno aluguel pago pelas duas outras profissionais fisioterapeutas. Nesse sentido, a propagação da idéia e dos serviços está inteiramente condicionada à obtenção de patrocínio, público ou privado. Com efeito, a idealizadora tem como projeto pessoal a ampliação do projeto, haja vista a cobrança da população tanto de outras regiões da cidade de São Paulo, como de outros Municípios, dentre e fora do Estado de São Paulo, atual sede.

O conceito que se propõe disseminar é o do oferecimento dos serviços assim idealizados para as demais regiões carentes de São Paulo e de sua Região Metropolitana, composta por mais de trinta Municípios, como, no futuro de prestação itinerante no interior do Estado e de outros, onde não se disponha desse serviços ou onde eles sejam prestados de forma insuficiente ou precária. A idéia da idealizadora é que, em homenagem às suas origens, as atividades do projeto sejam estendidas para regiões carentes metropolitanas e do interior do Nordeste do Brasil.